Espelho
Você não sabe nem percebe
Na maioria das vezes você olha e nem vê
De gesto em gesto se embota mais a tua alma
E de esperança em esperança lá se vai mais um amanhecer
A tua vontade é tanta e a ânsia muita
O desespero de sentir-se vão
Em teu caminhar solitário o riso
Esconde o pranto dos teus amanhãs
E em teu escarnecer sofres mais que a pena
De te sentir tonto e perdido em terra alheia
Já não sabes pra onde vais
E em pó transforma-te
E grita um grito que ninguém escuta
Nem te sentes
Tua alma é tão atriz
Que vive a se disfarçar e te esconder de si mesmo
E assim sem saber o porquê de tudo
Torna-te em nada
Se achando o mundo
E tuas máscaras caem
Uma por uma
Aos pés pequenos
e delicados
Que te dominam
Tua felicidade é teu espelho
E a máscara triste branca em que te pintas
Destino insano de fazer feliz
Se tu não o és
Nesse espelho em que te miras
E só a ti te vês
E não enxergas mais nada
Admirado de tua plasticidade
Ó narciso,
Sabes tua sina
Morrer só
Fiel a ti
E ao teu destino