Espelho

Você não sabe nem percebe

Na maioria das vezes você olha e nem vê

De gesto em gesto se embota mais a tua alma

E de esperança em esperança lá se vai mais um amanhecer

A tua vontade é tanta e a ânsia muita

O desespero de sentir-se vão

Em teu caminhar solitário o riso

Esconde o pranto dos teus amanhãs

E em teu escarnecer sofres mais que a pena

De te sentir tonto e perdido em terra alheia

Já não sabes pra onde vais

E em pó transforma-te

E grita um grito que ninguém escuta

Nem te sentes

Tua alma é tão atriz

Que vive a se disfarçar e te esconder de si mesmo

E assim sem saber o porquê de tudo

Torna-te em nada

Se achando o mundo

E tuas máscaras caem

Uma por uma

Aos pés pequenos

e delicados

Que te dominam

Tua felicidade é teu espelho

E a máscara triste branca em que te pintas

Destino insano de fazer feliz

Se tu não o és

Nesse espelho em que te miras

E só a ti te vês

E não enxergas mais nada

Admirado de tua plasticidade

Ó narciso,

Sabes tua sina

Morrer só

Fiel a ti

E ao teu destino

Cacau Segobia
Enviado por Cacau Segobia em 27/01/2009
Reeditado em 27/01/2009
Código do texto: T1406520
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