Devaneio III
Alça-se o vôo, e o que faço?
Me perco no desembaraço
desses traços, nesse erro crasso,
nesse desritmo de compasso e,
estupefato, me negligencio.
O apego ao grilhão e ao tormento
não é mais que o fomento da morte,
do derradeiro momento de liberdade.
Navego para ela
no rio dos olhos de uma gazela,
num ousado regato na terra fria.
Que faço além de sonhar,
de pilheriar, de me torturar
para que cale aquilo que quero
que volte, que fique, que renasça?
Espero, como cordeiro, pelo holocausto
de meus dias cinzas.
Aguardo, como lobo, o rubor
do broto da rosa bravia.