OXÍMOROS
Zé INDIGNADO
(um regresso ao futuro de há 20 anos atrás!!!) - Texto da Primavera de 1988
NO CINQUENTENÁRIO (70) DA MINHA CURTA LONGA VIDA
OS OXÍMOROS
ANTÍTESES
CONTRADIÇÕES
PLEONASMOS
SINESTESIAS
DA VIDA
DUMA VIDA
...
durante a minha fugitiva longa vida
de doridos felizes penosos cinquenta anos
tão fugazes lentos vagarosos
que se esfumam no vento como um nada tudo
que sou...
tive oportunidade de subir descendo
para baixo a deslizar para cima
pelas oportunidades raras múltiplas
que se me ofereciam dia a dia únicas
na vida...
sequioso satisfeito sedento inebriado
mirrei ao calor dos dias gelados
e gelei ao sol tempestuoso de chuva seca
em que tudo era secura molhada a escorrer suor frio e parado...
e vi
claramente ouvido ou visto ouVisto
o grito mudo da morte viva
no silêncio estridente
duma garganta escancaradamente muda
na luz negra
a permitir sentir a náusea embriegante
de repouso parado em movimento
em cinestesia delirantemente fixa
no espaço e no tempo que não há...
fui um morto vivo que corria parado
ao encontro do NADA que era TUDO
num regresso ao futuro
que é viagem sem sair do lugar
que já não existia
e é realidade que foi sedutoramente repelente
no momento exacto que deixou/ei de viver...
em cada sonho inventado criado expressamente para sobreviver ao sabor das oportunidades que imaginava surgirem a cada passo e eram sempre raros... surgia a desilusão ilusão de verificar sem ver que nada havia em que o meu trabalho que não era pudesse servir para alguma coisa que não presta ao serviço duma sociedade onde não vivia marginalizado na voragem de mil tarefas com mil outros numa solidão solidária em que fazia sem gosto tudo o que gostava e podia servir para todos sem servir para ninguém e servia para tudo sem servir para coisa alguma...
mas, logo surgia outra oportunidade velada discreta imperceptível demasiado simples evidente ao alcance da mão tão inacessível e distante como qualquer outra ilusão perdida como castigo das posições radicais e coerentes incoerentes tão lógicas e racionais que se não enquadravam na lógica evidente de nada nem de ninguém que tivesse poder de decisão ou não tivesse algum poder de intervenção na sociedade em que tinha tenho de estar inserido sem estar...
os admiradores detractores da minha imagem seduzidos repelidos pelo mito verdadeiro de querem ser diferentes sendo iguais e me criam feliz sofrendo a minha angústia que era força fraqueza resistência desistência vista de longe vivida ali ao lado dia a dia... encolhiam os ombros interessados compadecidos quando intuíam a verdade que viam e aproximavam-se fugindo espavoridos descaradamente discretos ao serem convidados sem convite para a dor prazer inenarrável de ter o medo atrevimento de abrir caminhos novos sempre antigos nunca dantes percorridos já por todos que viveram sem possibilidade de ficar marcado o trilho bem visível por onde outros já passaram e vão passar para não prejudicar o equilíbrio universal em pêndulo oscilante da natureza que é círculo oval em espiral e nunca cerca e fecha e não matar a criatividade dos que esperam que os outros criem tudo e têm direito de abrir seus próprios caminhos nos caminhos construídos que ninguém segue rodando neles sem cessar... e passados dez cinquenta anos ontem há dez cinquenta anos vêm-me dizer: ‑ tinhas razão hás-de ter tudo o que sonhas sem sonhar ontem amanhã quando tudo já não é o mesmo por ser igual sendo diferente...
a grande terrível horrorosa sedutora tentação é a vaidade de ter descoberto sem os descobrir dizendo
sem os poder dizer
os caminhos da salvação perdidos
que todos forçosamente terão de seguir
para serem livres e felizes!!!
e
neste dilema me debato
e vivo em paz
sem encontrar sequer para mim próprio
os caminhos que outros nunca vão seguir
seguindo-os
depois.
1988
1º dia de Primavera
Penedo Gordo
Beja
O Cinquentão no Cinquentenário – Já Septuagenário em 2008!
Picasso – Dom Quixote - invertido - neste fabuloso «Jogo de DISPARATES»
Zé INDIGNADO
(um regresso ao futuro de há 20 anos atrás!!!) - Texto da Primavera de 1988
NO CINQUENTENÁRIO (70) DA MINHA CURTA LONGA VIDA
OS OXÍMOROS
ANTÍTESES
CONTRADIÇÕES
PLEONASMOS
SINESTESIAS
DA VIDA
DUMA VIDA
...
durante a minha fugitiva longa vida
de doridos felizes penosos cinquenta anos
tão fugazes lentos vagarosos
que se esfumam no vento como um nada tudo
que sou...
tive oportunidade de subir descendo
para baixo a deslizar para cima
pelas oportunidades raras múltiplas
que se me ofereciam dia a dia únicas
na vida...
sequioso satisfeito sedento inebriado
mirrei ao calor dos dias gelados
e gelei ao sol tempestuoso de chuva seca
em que tudo era secura molhada a escorrer suor frio e parado...
e vi
claramente ouvido ou visto ouVisto
o grito mudo da morte viva
no silêncio estridente
duma garganta escancaradamente muda
na luz negra
a permitir sentir a náusea embriegante
de repouso parado em movimento
em cinestesia delirantemente fixa
no espaço e no tempo que não há...
fui um morto vivo que corria parado
ao encontro do NADA que era TUDO
num regresso ao futuro
que é viagem sem sair do lugar
que já não existia
e é realidade que foi sedutoramente repelente
no momento exacto que deixou/ei de viver...
em cada sonho inventado criado expressamente para sobreviver ao sabor das oportunidades que imaginava surgirem a cada passo e eram sempre raros... surgia a desilusão ilusão de verificar sem ver que nada havia em que o meu trabalho que não era pudesse servir para alguma coisa que não presta ao serviço duma sociedade onde não vivia marginalizado na voragem de mil tarefas com mil outros numa solidão solidária em que fazia sem gosto tudo o que gostava e podia servir para todos sem servir para ninguém e servia para tudo sem servir para coisa alguma...
mas, logo surgia outra oportunidade velada discreta imperceptível demasiado simples evidente ao alcance da mão tão inacessível e distante como qualquer outra ilusão perdida como castigo das posições radicais e coerentes incoerentes tão lógicas e racionais que se não enquadravam na lógica evidente de nada nem de ninguém que tivesse poder de decisão ou não tivesse algum poder de intervenção na sociedade em que tinha tenho de estar inserido sem estar...
os admiradores detractores da minha imagem seduzidos repelidos pelo mito verdadeiro de querem ser diferentes sendo iguais e me criam feliz sofrendo a minha angústia que era força fraqueza resistência desistência vista de longe vivida ali ao lado dia a dia... encolhiam os ombros interessados compadecidos quando intuíam a verdade que viam e aproximavam-se fugindo espavoridos descaradamente discretos ao serem convidados sem convite para a dor prazer inenarrável de ter o medo atrevimento de abrir caminhos novos sempre antigos nunca dantes percorridos já por todos que viveram sem possibilidade de ficar marcado o trilho bem visível por onde outros já passaram e vão passar para não prejudicar o equilíbrio universal em pêndulo oscilante da natureza que é círculo oval em espiral e nunca cerca e fecha e não matar a criatividade dos que esperam que os outros criem tudo e têm direito de abrir seus próprios caminhos nos caminhos construídos que ninguém segue rodando neles sem cessar... e passados dez cinquenta anos ontem há dez cinquenta anos vêm-me dizer: ‑ tinhas razão hás-de ter tudo o que sonhas sem sonhar ontem amanhã quando tudo já não é o mesmo por ser igual sendo diferente...
a grande terrível horrorosa sedutora tentação é a vaidade de ter descoberto sem os descobrir dizendo
sem os poder dizer
os caminhos da salvação perdidos
que todos forçosamente terão de seguir
para serem livres e felizes!!!
e
neste dilema me debato
e vivo em paz
sem encontrar sequer para mim próprio
os caminhos que outros nunca vão seguir
seguindo-os
depois.
1988
1º dia de Primavera
Penedo Gordo
Beja
O Cinquentão no Cinquentenário – Já Septuagenário em 2008!
Picasso – Dom Quixote - invertido - neste fabuloso «Jogo de DISPARATES»