MATEI A MORTE

Ai eu tenho tanto pra dizer

Mas nem sei por onde começar

Porque falo tanto em sofrer

Se o qu' eu quero é cantar

Mas as notas engasgam na garganta

E não conseguem subir

Por mais que me esforce a dor é tanta

Que me sinto sucumbir

Apelo à força que me guia

Que as ajude a desencalhar

Por mais que a alegria ria

Eu não consigo cantar

Não consigo cantar

Porque a dor é bem forte

Eu começo a pensar

Se o nó na garganta

Não é o estertor da morte

Já vislumbro a sua gadanha

Fujo fujo a sete pés

Pra ver se ela não me apanha

Mas a esperta é mais lesta e poderosa

Corre, voa, ai que ela me abocanha

O seu capote negro me apavora

Aproxima-se sorrateira

E me lança a gadanha

Tem fama de boa ceifeira

Olho pra ela de revés

E prego-lhe uma rasteira

A morte caíu bem à minha frente

Tomei-lhe a dianteira

Fui buscar uma marreta

Amassei-lhe as pernas e a cabeça

Mas antes houvera luta...

Esmigalhei seus ossos miudinho

Grande filha da mãe

Não te metas no meu caminho!

©Maria Dulce Leitao Reis

Copyright 05/04/14

Maria Dulce Leitão Reis
Enviado por Maria Dulce Leitão Reis em 06/04/2021
Código do texto: T7225309
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