O patrão e o empregado sabido...

Seu moço me conta agora

como é que se faz para

domar um coração?

-- Coração redomão,

meu patrão,

num doma não;

é ele que “faiz" a direção.

Seu moço me conta então,

como é que se cura a dor

de quem perdeu seu amor?

--Cura fácil, meu patrão,

é só abrir o coração

a uma nova paixão

e fisgar logo outro“peixão”.

Seu moço diga depressa,

como é que ela, que parecia

feliz, de repente foi-se embora?

-- Se partiu, assim, à-toa,

deve ser que a patroa,

num era assim, gente boa!

Fazia uma outra pessoa.

O senhor, que parece

ser o dono da razão,

diz agora o que eu faço?

--Faça nada patrãozinho...

Pra evitar o burburinho.

Tem língua quente esse povinho,

“tulera” a sua dor bem “suzinho.”

Não brinca assim com a dor,

isso golpeia e esfola sem dó

o peito da gente.

-- eu sei bem, “inté” provei.

Também amei, já chorei,

e até hoje eu me escapei,

O senhor se “sarvará”,

inté eu me “sarvei”.

Bobagem ficar dando ouvido

a quem não sabe nada

desta vida de meu Deus!

-- Seu doutor ta de novo iludido,

eu e todo esse povo “inxerido”,

já sabia dos “favor” indevido,

que a patroa fazia escondido,

e o senhor que pensa que é tão sabido,

num sabia, e, “óia” que era o único ofendido.

Vou parar com essa prosa...

Vou entrar e beber

um bom trago que talvez melhore a dor.

-- Agora o senhor falou uma coisa acertada,

num tem nada que uma boa talagada

Num “resorve” numa fria madrugada.

Ppois, um trago, tira lá de dentro da gente,

as “quiçaça” e os “restoio” de enchente

das tempestades desta nossa vida dolente.

E, o peito do doutor, ”vortará” a fica leve,

feito uma “pruma” no vento, e muito breve,

a cabeça fica fria “qui” nem uma chuva de neve...

IVAN CORRÊA
Enviado por IVAN CORRÊA em 04/09/2015
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