VELÓRIO PROFANO

VELÓRIO PROFANO

E o velório estava florido, o falatório alegrava a tristeza

As várias tribos religiosas congratulavam-se penitentes

As carpideiras hipócritas aglomeravam-se em comício

Beatas enfiadas em burcas em véu era a fashion week macabra

E o pálido defunto astro deitava-se em flores mortas.

O álcool e os petiscos alimentavam o show

O carteado era a carta marcada nesses eventos.

Era domingo, Fla x Flu, dia de maracanã,...

Havia ouvintes gritando gol!

Que miserável morreria nesse dia?!

Lá fora, um carro rodeado de piriguetes balançava ao som das cachorras

Shorts perfuravam e dividiam as bandas de bundas com caxumba

E era um frenesi de rebolados libidinosos.

Garotos vacinavam as meninas no encaixe sensual

E o deus Baco fazia-se presente entre as velas do féretro.

Tinha um bêbado, melhor amigo do morto

Que ninava sua garrafa-bebê na sua boca-chupeta

Solilóquio chorava as lembranças do teu rival etílico.

Há solidariedade nas lúgubres sarjetas da vida

E na cumplicidade de bancos e bares há um vício fraterno.

A viúva e a família atendiam os vagabundos da dor

Enclausurava-se na vultosa apólice de seguro que ia herdar

Pouco importava as despesas, seu marido era legal, pensava...

Como iria gastar? Viagens, praias, carros e com homens...

De preferência com pênis cabides de toalhas,... Molhada...

Com espermas mais rápidos que Usain Bolt e sem sacos de angu.

Quando de repente, uma mulher com um filho de colo...

Puxa a caçamba com mais setes mal acabados

E proclama-se a outra esposa do desafortunado

E a tragédia virou comédia, mais uma pensionista.

O bafafá estava feito no velório profano

A pancada comeu! Mordida, cabelos arrancados, ponta pés

A violência hilária fez o bêbado ligar para o 190

Terços e rezas foram esquecidas,...

...E o defunto,... Sorria com sua carta de alforria.

CHICO DE ARRUDA.

CHICO BEZERRA
Enviado por CHICO BEZERRA em 04/04/2012
Código do texto: T3593241
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