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ONDE TUDO É PERMITIDO
Por certo adoeceremos
Morando nesse país
Onde nada é tudo
Onde tudo é o que se diz
Nesse país imaginado
Mora o padre e o delegado
Todo mundo fica nu
E não é penalizado
Mas que nação é essa
Que um dia faz elegia
E no outro dá uma festa
Onde tudo é permitido
E ao pouco se dá ouvido
Esse país é um carnaval
De amor tem bacanal
Mas pra não ser tão diferente
Fala-se do social
Nessas terras em se plantando amor
Ele nasce
E quem não quiser amor
Outra coisa pode fazer
O que será
Orgia até o amanhecer
Pode-se dizer palavrão
Mesmo que passe um anjo
Nessa terra tem de tudo
Tem beijo que não é beijado
Abraço não abraçado
Amor platonizado
Também tem angústia
Solidão e ciumeira
Nesse país tem coisa séria
Mas também se faz asneira
Ô país sem jeito
Pois não tem um presidente
Nem tem ministro
Nem cadeia
Pra se prender muita gente
Liberdade é o que não falta
Tem ateu e também crente
Filósofo tem um bocado
Pensador de toda sorte
Esse lugar não tem porta
A sete chaves fechado
Quem entrar nunca mais foge
Nem que torça o rabo a porca
Pior que o labirinto de Teseu
Não faltam lá uns minotauros
Tem deuses de todo tipo
Mas escravos até a morte
Ah, país complicado
Misturado com a música
Tem ninfas tomando banho
Enquanto uns tomam cicuta
Um se enforca
Outro chora pelos cantos
Mesmo assim é um paraíso
Onde mora todo encanto
Sou cidadã desse espaço
E nele eu posso fumar
Por dia mais que um maço
Posso o vinho entornar
De pernas pra cima ficar
Posso odiar e mais ainda
Posso me apaixonar
Ai, Jesus, que agonia
O país da Poesia
***
POEMA SAFADINHO
Passeio suavemente os indicadores
Sobre os teus ensolarados cabelos
E sigo colocando os médios
Em seguida os anelares
Junto os mínimos
E repuxo com os polegares
Beijo sem parar a testa
As sobrancelhas
Feche os olhos
Beijo as pálpebras
Passo a ponta do meu no teu nariz
Cheiro e cheiro sem parar
Sopro em teu rosto a brisa do mar
As bocas por um triz
Passo os lábios rastejando para lá e cá
Beijo o pescoço com línguas de luz do luar
E os braços abarcando as espáduas
Aperto com força na cintura
Encosto o meu corpo no teu
Digo te amo ao ouvido
Aperto um pouco mais e mais
Abraço de sufocar
Desço as mãos pelos braços e seguro forte teus dedos
Colo os meus joelhos bem juntinho com os teus
Ai, que negócio gostoso, Deus meu
E agora a camisa desabotoo
Devagarzinho
Beijo os pêlos bem de levinho
Deslizo as mãos pelos lados da cintura
Faço cócegas
Só um pouquinho
Aperto teu peito ao meu
E então eu direi
Sou tua
E tu mentirás
Sou teu
***
NOTÍCIA DE ONTEM
Pode me chamar de louca
De possessa
O que quiser
Fique à vontade pra falar mal até o fim
Que sou imprevidente
Irresponsável
Depravada
Desfrutável
Indecente
Mas quero dizer a você
Nos meus olhos está escrito assim
Como uma adolescente
Estou apaixonada
Perdidamente apaixonada
Totalmente apaixonada
Mas é por mim