Fim da reta
Diviso horizontes esvaecidos pelos olhares
encarnados na gula provável dos chegares,
atônita ansiedade jugulada pela frustração,
que contrabalança os egos insanos em ação!
Longa fiada de lembranças acusa pegadas
desta reta, que infinda parecia, ai de mim,
vaga miragem de tantas vidas realizadas
e confinadas ao adeus temporário do fim!
Obscuridade foi trançando a mão das coisas
faltando às entrelinhas o pedaço de tranças
que contariam virgens lendas maravilhosas,
mas o fato é qu’aqui morrem as esperanças!
Morro prematuro do mero ontem inacabado,
tateando com o olhar silhuetas meio esvaídas,
incertezas de um hirto amanhã desconhecido,
se é que algum haverá a ressuscitar alvoradas!
A suposta eternidade dos poetas precursores,
que anuncia dulcíssimos e infindos esperares,
se mesmo houver, seguirei seu archote de luz,
e venturoso de mim, se meu passado fizer jus!
Poderei, talvez encontrar alguns novos amores
no meu encalço;serão doces pedaços de flores?
ventados, que perfumam a eternidade suposta?
Sem volta, a mim só resta ganhar essa aposta!
Santos-SP-01/07/2006