BALTAZAR MOTOQUEIRO

Sou Baltazar motoqueiro

Vim da minha terra pra cá,

trilhando asfaltos e deslizando nas curvas

na minha moto 750 cilindradas.

Com jaqueta emblemada

luvas de couro nas mãos,

botas até os joelhos, engatando a 3ª, 4ª, 5ª marcha

chegando a 180 km.

Num posto da Policia Rodoviária

O guarda percebeu a manobra

Ligou a sirene e em disparada

Veio atrás do vei.

Observei pelo retrovisor sua dificuldade

em alcançar a moto envenenada de Baltazar.

Resolvi dar um refresco

diminuí a velocidade,

Seu carro emparelhou comigo

dando-me sinal pra encostar;

liguei a seta da belezura

e parei no acostamento.

O homem fardado, do seu carro desceu,

Com um palito na boca

pedindo meus documentos.

A carta de habilitação apresentei.

Até aí tudo bem!

Mas, quando viu a idade

olhou pra mim desconfiado

e com sua autoridade o capacete tirei.

Elegantemente balancei a cabeleira

Embranquecida pelo tempo.

Passei a mão na barba

e quando olhei pro guarda

Ele tava gelado, estatelado, eriçado.

O encarei e fui logo perguntando,

porque o espanto?

Nunca viu um vei de 90

Pilotando uma 750 cilindra?

Isto é preconceito

cuidado que te enquadro

no código penal brasileiro.

O guarda coitado tava com medo,

Era noite e quando os faróis refletiam em mim

ele via um fantasma motoqueiro,

do pescoço pra cima branco

do pescoço pra baixo preto.

Foi com muita dificuldade

Que conseguiu ligar o rádio

Pedindo socorro aos companheiros

Dizendo ver um fantasma motoqueiro.

Os patrulheiros pra melhor compreensão

Perguntavam do outro lado: vendo o que?

Um fantasma motoqueiro?

e ele responde gaguejando:

POSITIVO, AFIRMATIVO, OPERANTE

Tentei explicar: seu guarda, sou eu Baltazar

90 anos de idade, Tou indo a BH

Pra participar do 4º BELÔ POÉTICO

Posso continuar? e ele respondia gaguejando:

POSITIVO, AFIRMATIVO, OPERANTE

Pensei: endoidou de vez

E numa rapidez surgiram: Carros, policiais, fuzis

Bem alto alguém gritava: mãos pra cima.

Respondi: já estou!

Não faça nenhum movimento brusco.

Como meu Deus! 90 anos de idade!

E naquele momento orei: vale-me Oh!! Santo dos velhinhos!

Foi quando surgiram bem na minha frente, meus amigos,

o poeta e a poetisa: Rogério salgado

e Virgilene Araújo Gritando desesperados:

Suspenda a operação, porque este aí é:

BALTAZAR, POETA, MOTOQUEIRO ESPETACULAR

Deomídio Macêdo
Enviado por Deomídio Macêdo em 07/01/2009
Código do texto: T1373065