Apenas um frasco
Em mãos trêmulas, um jovem chora,
Seu mundo desfeito, perdido lá fora.
Num canto escuro, sem mais esperança,
Apenas um frasco, sua última dança.
Olhos vazios, um eco profundo,
O peso cruel de um imenso mundo.
Marcas na pele, gritos na alma,
Tudo silenciado por uma falsa calma.
Era um garoto de sonhos tão vivos,
Mas a dor o tomou em atos furtivos.
Perdeu-se nos labirintos do coração,
Procurando saída, achou solidão.
Apenas um frasco, um líquido amargo,
Promessas de paz num sopro tão largo.
Mas o alívio é breve, ilusão traiçoeira,
Cobrando seu preço na vida inteira.
Lembranças de infância dançam no ar,
Um riso distante que quis alcançar.
Mas o peso da culpa, do não-pertencer,
Fez do frasco um amigo para se esconder.
Porém, na penumbra, uma voz ecoou,
Alguém que lhe viu, que nunca o deixou.
Tomou o frasco, segurou sua mão,
E o jovem chorou, partindo o véu da ilusão.
Agora, um caminho que ainda é escuro,
Mas há uma chama que aponta ao futuro.
O frasco vazio jaz esquecido,
E o jovem caminha, ainda ferido.
Pois no amor de alguém, encontrou o abrigo,
E no fim, a si mesmo, como um velho amigo.
Apenas um frasco, um fantasma que some,
Quando se aprende o próprio nome.