MEA-CULPA
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Trancafiado entre quatro paredes, entre redes sem fio e de pano,
Entre o dano à liberdade e o espelho, entre conselho e a vontade
Louca de correr em fuga, retirar a verruga, ficar livre das amarras,
Das garras invisíveis que amedrontam, confrontam tantos medos.
O mundo parece pequeno na tela, o barco à vela desliza no vidro
Como se o mar fosse de anidro e não molhasse os pés, ele é dez
Quando tem sol e podemos brincar na areia, sem meia ou sapato,
Por ora, resta-nos o tapete, a imaginação, o verão visto da janela.
Uma pandemia, a utopia de famílias juntas 24 horas e sem folgas
Ou desculpas, as culpas pelo excesso de trabalho, bendito atalho
Que mostrou quem são as pessoas ao nosso lado e seus desejos,
Beijos acumulados feito poeira pelos cantos, nos recantos de nós.
A faxina interior precisa ser abrangente, exigente com os detalhes
Que tanto custam, lustram o sapato velho e o deixam quase novo,
Promovo o encontro com meu íntimo, é ínfimo meu papel até aqui,
Mea-culpa feito, vejo o estreito limite que separa erros dos acertos.