Helena
Por ser ainda pequena,
cena primeira,
é gema.
Melenas nos caracóis custosos
de meu ter,
por ser minha,
a reclusa incerteza do não ser.
A menina tem olhos pretos absolutos
no franzir da metade da vida.
Minha vida em seu começo, amena sina.
Helena estende as mãos para a lua,
para o cão,
para a árvore,
para a janela,
para a porta,
para a rua.
Estende as mãos para a rua, para o chamado da existência!
Deus, no soslaio, confirma o plano:
inevitável amálgama.
Uma pedra, uma base ainda agora.
Um encalço meu, descalço recomeço de via.
Via torta, via amorfa, mas de minúcia plena: és minha filha, Helena!
Sem mais.