Helena

Por ser ainda pequena,

cena primeira,

é gema.

Melenas nos caracóis custosos

de meu ter,

por ser minha,

a reclusa incerteza do não ser.

A menina tem olhos pretos absolutos

no franzir da metade da vida.

Minha vida em seu começo, amena sina.

Helena estende as mãos para a lua,

para o cão,

para a árvore,

para a janela,

para a porta,

para a rua.

Estende as mãos para a rua, para o chamado da existência!

Deus, no soslaio, confirma o plano:

inevitável amálgama.

Uma pedra, uma base ainda agora.

Um encalço meu, descalço recomeço de via.

Via torta, via amorfa, mas de minúcia plena: és minha filha, Helena!

Sem mais.

Gleidson Riff
Enviado por Gleidson Riff em 02/02/2020
Código do texto: T6856192
Classificação de conteúdo: seguro