Me carregue
Me carregue
Só por uns dias, um mês talvez
Me carregue, está íngreme a subida
Me carregue, nestes momentos, de alma vencida!
Me carregue, feri os meus olhos
Nas dores da vida!
Preciso chegar...
Um bebê escutar
Uma mangueira enorme
Uma paineira
Um pé de siriguela
Um menino dele cai
Uma rede há milênios
Parada, esquecida...
Me carregue, me carregue em silêncio,
Tal qual o momento, em que te entreguei para a vida!
Me carregue...me carregue
Só falta uma curva, a mais dorida
Meu corpo pede pouso,
Minha alma, guarida!
Me carregue agora, agora,
Pois a rua está escura
Quase que um beco sem saída!
Me carregue, me carregue um pouco,
Para que assim, eu possa prosseguir!
E, neste pequeno hiato,
Neste ínfimo lapso,
Aprumar as asas,
Arrumar a casa, e deixar para trás,
Esta insípida fase, e retomar a paz
Ao doce laço
Que a mim, une aos demais!
Me carregue, me abrace demais
Pois amanhece o meu entardecer
Me carregue, é breve
Me carregue até a porta,
E deixe comigo
Um beijo de despedida
Ou mesmo a flor do acaso, ocaso, que seja
E deixe comigo
A soma, do achado e do perdido...
Me carregue, só por uns dias...
Um mês talvez!
Para meus filhos!
Dorothy Carvalho
Goiânia, 12 janeiro 2020
Madrugada