SANGUE DO MEU SANGUE

Pai!:

Tu não me deste inteligência,

Para eu bem aprender,

Ficaste com a tua ciência,

E não me deixaste viver.

Pai!:

Tu fizeste-me deficiente,

Para eu ser tão diferente,

De toda a humanidade!

E também dos meus irmãos,

E tu não me destes as mãos,

Para eu ser mesmo gente.

Mas o que lá vai, lá vai.

Depois mandaste-me

Aos Psiquiatras.

E eu fiquei mais maluco,

Ainda.

Das minhas almas perignatas,

Que tu jogaste na berlinda,

E bem enganaste-me.

Em me mandares,

Para as escolas.

Estes são os meus azares,

Que levei com as sacolas,

Pai!:

Tu não tiveste culpa,

Mas eu não devia ter nascido,

O teu filho te desculpa.

Mas o meu viver, não foi sentido.

Pai!:

Ouve o que eu te digo.

Eu vivo uma vida,

Desgraçada!

E dei tanta cabeçada,

Nesta sorte perdida,

Pois, eu sou teu amigo.

Então eu sou doente

Mental?

Estou tão descontente,

A minha vida não é real.

Tu estás tão presente.

Não me leves a mal.

Tu deste-me a pensão,

Para eu me governar.

Esta vida é uma Prisão.

A mim, só me apetece chorar,

EU fui dado como anormal,

Maluco, deficiente…

A minha vida nada vale,

Não sou homem, não sou gente,

Sou como tu queres, tal e qual.

LUÍS COSTA

10/04/2006

TÓLU
Enviado por TÓLU em 29/06/2019
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