Ao meu amor

Tua ausência

É sinônimo de dor

Tua chegada

Revitaliza o amor

És parte de mim

Sou parte de ti.

Foste a única

Que me infligiste dor,

Dor de um parto normal e complicado,

Dor da tua saída de casa,

Dor da tua ausência,

Dor da saudade que deixaste

Dilacerando minha alma.

Descobri que sinto medo,

Medo de perdê-la,

Medo de que te aconteça algo ruim

Medo por não estar por perto para defender-te.

E assim, por traz do semblante sério e austero

Descubro-me frágil

Sinto-me ínfima, impotente,

Diante das tuas certezas e convicções.

Tua personalidade forte

Herdaste de mim,

Mas quanto me maltrata

A tua teimosia.

Tua certeza esmaga meu coração

Imobiliza meus movimentos

Corta minha respiração

Pareces comigo fisicamente

Inegável isto é,

Contudo não herdaste minha racionalidade

Se o foste não abririas mão da tua vida

Por uma fantasia, uma infantilidade.

Do alto da rebeldia juvenil

A insensatez te faz desperdiçar

O melhor que a vida pode te proporcionar

Espero que não descubras tarde

O quão implacável é o tempo

Que rouba a beleza

Do que hoje viceja

Sem dar-lhe outra chance

De recuperar o que passado

Brevemente se tornará.

Entrego-te a Deus

É a única solução,

Oro, rezo, peço, suplico,

E assim encontro alento

Para o meu perturbado coração.

Por isso entendo do poeta a afirmação

“ser mãe é padecer no paraíso”

Concordo em gênero e número

Já que em grau nada precisa concordar

Mas até quando ficarei nesta aflição?

Não paro de me interrogar.

Andréa Cavalcante

Andréa Cavalcante
Enviado por Andréa Cavalcante em 12/09/2016
Código do texto: T5758928
Classificação de conteúdo: seguro