Ao meu amor
Tua ausência
É sinônimo de dor
Tua chegada
Revitaliza o amor
És parte de mim
Sou parte de ti.
Foste a única
Que me infligiste dor,
Dor de um parto normal e complicado,
Dor da tua saída de casa,
Dor da tua ausência,
Dor da saudade que deixaste
Dilacerando minha alma.
Descobri que sinto medo,
Medo de perdê-la,
Medo de que te aconteça algo ruim
Medo por não estar por perto para defender-te.
E assim, por traz do semblante sério e austero
Descubro-me frágil
Sinto-me ínfima, impotente,
Diante das tuas certezas e convicções.
Tua personalidade forte
Herdaste de mim,
Mas quanto me maltrata
A tua teimosia.
Tua certeza esmaga meu coração
Imobiliza meus movimentos
Corta minha respiração
Pareces comigo fisicamente
Inegável isto é,
Contudo não herdaste minha racionalidade
Se o foste não abririas mão da tua vida
Por uma fantasia, uma infantilidade.
Do alto da rebeldia juvenil
A insensatez te faz desperdiçar
O melhor que a vida pode te proporcionar
Espero que não descubras tarde
O quão implacável é o tempo
Que rouba a beleza
Do que hoje viceja
Sem dar-lhe outra chance
De recuperar o que passado
Brevemente se tornará.
Entrego-te a Deus
É a única solução,
Oro, rezo, peço, suplico,
E assim encontro alento
Para o meu perturbado coração.
Por isso entendo do poeta a afirmação
“ser mãe é padecer no paraíso”
Concordo em gênero e número
Já que em grau nada precisa concordar
Mas até quando ficarei nesta aflição?
Não paro de me interrogar.
Andréa Cavalcante