Gritos
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Pelos corredores,
dor, gemidos e indiferença.
Homens de branco.
Passos apressados;
olhares negligentes.
Gritos...
Outros olhares pedem socorro.
Familiares clamam.
Nos alojamentos,
assistem a filmes, sorriem...
Dão gargalhadas!
Indiferentes aos aflitos.
Uma voz pede clemência!
Por que, se não há pecado?
O que sobejam são a petulância,
o descaso e o desamor de desalmados.
Há conflitos...
E os indefesos pedem atenção.
Entre demônios surge um anjo.
Anjo menina, anjo mulher...
Que grita o grito de todos, sem temor!
Encara o aviltante da tragédia,
pede providências e reclama:
“Não escutam nenhum grito?!”
Eles se fazem de desentendidos;
até sorriem, alheios a tudo.
O anjo, entretanto, manso, mas bravio,
desperta noutras almas o dom da fúria.
Unidos, agora todos gritam:
“Cuidem deles, mentes espúrias!”
O chefe, prepotente,
diante das vozes insurrectas,
repensou tudo e cedeu...
Chamou os asseclas imprudentes,
compadeceu-se do clamor de toda gente,
atendendo, finalmente.
Pelos corredores, agora,
o anjo chora a própria dor.
Por instantes, envolvida,
esqueceu-se do amado que sofria...
Deus, onisciente, todavia, proclama:
“Seu querido, anjo meu, vai suportar...”.
Iguatu-CE, 13 de fevereiro de 2015.
20h11min
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