O ULTIMO CHORO INFANTIL
ARIEL NONATO
Meu irmão...
E um último choro infantil ficou no quarto
No vazio luminoso da ausência
No horizonte do capinzal, do riacho
E a corrida até a cerca farpada
Antes noite esconder o mundo
E seus pés desaprenderem o caminho da volta
A pescaria sem resultados
Toda aventura de cortar o dia ao meio com um facão cego
E carregar aqueles corpos pequeninos
Para armar as armadilhas do novo dia
Contar
Contar as horas do sono
Dentro do ninho, após lavar os pés
E ver escorrer pelo ralo tanta sujeira.
Quando nossas mãos desaprenderam a arte
De esquecer, o que poderíamos fazer com as horas
Senão comê-las seriamente
E não mais deitar debaixo dos cajueiros pagãos
Que davam frutos nanicos
A espera do som triunfal grilos.