O ULTIMO CHORO INFANTIL

ARIEL NONATO

Meu irmão...

E um último choro infantil ficou no quarto

No vazio luminoso da ausência

No horizonte do capinzal, do riacho

E a corrida até a cerca farpada

Antes noite esconder o mundo

E seus pés desaprenderem o caminho da volta

A pescaria sem resultados

Toda aventura de cortar o dia ao meio com um facão cego

E carregar aqueles corpos pequeninos

Para armar as armadilhas do novo dia

Contar

Contar as horas do sono

Dentro do ninho, após lavar os pés

E ver escorrer pelo ralo tanta sujeira.

Quando nossas mãos desaprenderam a arte

De esquecer, o que poderíamos fazer com as horas

Senão comê-las seriamente

E não mais deitar debaixo dos cajueiros pagãos

Que davam frutos nanicos

A espera do som triunfal grilos.

RICARDO NONATO ALMEIDA DE ABREU SILVA
Enviado por NATINHO SILVA em 06/03/2014
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