Álbum de família
Seu olhar era distante e triste.
Só agora se nota.
No álbum de família.
O passado registrado
revela dor forte, latente
que até então não se via.
Sim!
A voz também era triste.
Mas isso nada dizia.
Se o álbum de família
o som também recordasse,
poder-se- ia entender agora,
se era só temperamento,
ou algum forte sentimento,
o tormento que o afligia.
Imagens em movimento
que são comuns hoje em dia
nossa era não alcançaram.
E no álbum de família
nada mudava de lugar.
Perdia-se alguma alegria,
aumentava a monotonia,
mas poupava do olhar a visão,
dos seus gestos, tristes de então.
Foi-se tempo!
Foi-se chão!
E ninguém o entendia.
Até o álbum de família,
quando o mundo desabou
de vazio se enchia.
A vida quase parou,
pois de certo dia então,
nem mais fotos consentia.
O resgate se fez premente.
A história não podia parar.
Como em um álbum de família,
nunca falta lugar,
mesmo sem querer socorro,
nem ceder pra melhorar
viu luzes fortes,
viu flashes,
forçando-o abrir o olhar
Hoje está apaixonado.
Sabe onde deitar o olhar.
A voz não é mais fria.
E os gestos, cheios de energia,
fazem longínquo o passado,
da forte melancolia.
Revigorado o astral
e com tudo digital
sua alegria vital
em nosso álbum de família.