Carta de um Guerrilheiro
Estava parado, fumando um cigarro.
O suor descia pelo meu rosto,
E me fazia lembrar há quanto tempo não me barbeava.
Aquele lugar fedia urina,sangue e cadáver.
A arma, pendurada em meu pescoço,
Era a minha suposta garantia de vida.
Meus pulmões já havia se adaptado
Ao que me foi imposto em 1940,no dia do meu aniversário.
O relógio mostrava ser 14:00,
Os tiros entregavam os sonhos dos jovens, ao chão.
O dia estava cinza, mas eu não sei se era fumaça,
Ou se era realmente uma tarde nublada do outono de 44.
Os olhos do sargento me fitavam,
Como que me pedindo para ir fechá-los.
A bala acertou seu tórax e o fez explodir,
Não dera tempo para ele se despedir.
Sou sonhador. Quero voltar para casa vivo,
E inteiramente vivo, embora as lembranças me perseguirão...
14:05, e eu ainda olho para o cadáver do sargento;
A aliança em seu dedo mostra que uma mulher ficou viúva.
Meu cigarro acaba. Lá fora, me pedem reforço.
Eu cansei de lutar contra ideais que não são meus,
De matar pessoas que estão aqui por obrigação.
Por isso, erro alguns tiros que disparo.
Tenho esperança que o dia amanheça,
Que o Sol brilhe e que eu possa vê-lo reluzir.
Por isso eu escrevo esta carta para vocês,
Meus queridos e amados pais.
Tenho esperança no fim dessa guerra, e ainda o verei.
Me aguardem chegar em casa, sorrindo.
Irei abraçar fortemente cada um,
E depois nos sentaremos para ouvir as histórias de guerra...
Esta é parte da história que vivo aqui,
Logo estarei em casa contando tudo para vocês.
Me esperem, pais queridos,
Me esperem pois eu voltarei para casa.
MAR/12