Retrato de mim
Do dia em que nasci de nada mesmo me lembro
Sei que nasci coberta de amor, e de roupas nasci nua
Fui acolhida por uma grande família da qual me tornei membro
Mas diferente de mim quanto gente nasceu na rua?
Não faço idéia do quanto dói a solidão
Nem mesmo sei o que é sentir dor de verdade
Tudo isso pra mim sempre foi opção
A simpatia, o amor, a liberdade...
Já tentei imaginar minha vida
Com outras pessoas, outras formas, nuances diferentes
Encontrei a imagem mais sofrida
Inimaginável mesmo em meus momentos mais descontentes...
Vi formar-se a imagem de uma gente estranha
Onde não encontrei os tão conhecidos defeitos
Fiquei confusa, sinceramente arrependida
Por ter buscado em algum lugar tal sentimento...
E perguntei-me: Cadê aquele povo resmungão
Que se reunia na mesa pra bater boca na hora do café
Será que o tempo fez se perderem em meio a tanta confusão?
Cadê vocês? Em reencontrá-los ainda tenho fé...