Vida dura do sertão
Não sei assinar meu nome.
Eu nunca tive instrução.
O diploma que eu tenho.
São calos na minha mão.
De trabalhar na roça.
E cuidar da plantação.
Pra não faltar alimento.
Na mesa do cidadão.
E para cobrir nosso corpo.
Também plantei algodão.
Vocês estão vendo essas casas ?
Essa bonita mansão.
Eu também fiz os tijolos.
Para fazer a construção.
E hoje não tenho nada.
Eu vivo na solidão.
Sou feliz porque eu tenho.
Jesus no meu coração.
Autora: Terezinha Gonçalves Suzano/SP
Terezinha Gonçalves é minha tia materna, nascida aos 29 de abril de 1933, na cidade de Santa Branca/SP. Desde pequenina teve uma vida muito dura, ao lado de minha mãe e de dois outros irmãos, João Batista e Isa. Ela é realmente analfabeta... não sabe ler, nem escrever. Muito inteligente, fez essa singela poesia, a qual vou publicar no livro da árvore genealógica da minha família, que estou organizando há mais de um ano. Ela decorou mentalmente esta poesia e vivia repetindo diariamente para não esquecer. É uma pessoa incrível, muito adorada pelos filhos, netos, bisnetos e sobrinhos... enfim por todos aqueles que tiveram a sorte de a conhecer. Essa é uma poesia muito simples, mas de muita representatividade, não só para ela, como para todos que fazem parte de nossa família.