Paraíso Fedido

Esse brinquedo muito louco

Não vai trazer você de volta

Desejas estar talvez por dentro

Teu ego te chama para fora

Você não está em si mesma

Suas ambições não vão te

Salvar de teus regimes

Nem de teus crimes. Você

Suas danças, suas transas

Seu anel de prata. Garota

Ardendo em chamas, Medéia

Feiticeira no ciclo aberto dos

Argonautas. Ninguém vai te

Salvar de sua dança, suas

Transas, no rebanho de vacas

Tuas dores, tuas cores nesse

Amanhecer na estrada. Que

Fazer? A mulher serpente está

Dentro de você. Ela traçou seu

Destino. Almoçou sua alma

Roubou a calma, o sol de sua

Praia não sai do eclipse

O canto de Dionísio afogou

Você nas águas. Juno trouxe

A nuvem até você. E ambas

Viajaram na maionese

O alarme do inferno era para

Ser o canto dos anjos do Éden

A paisagem feriu seus olhos

As sirenes perturbaram seus

Ouvidos. Não há um ouvidor

Para traduzir o caos que reina

No paraíso. Tuas muitas vozes

Prendem você à força nesse

Jardim de espumas. Você pensou

Ser uma Rosa. Ninguém vai querer

Te ajudar a rasgar o tecido dessa

Teia que veste essa dança de rodas

Tu te vestes nessa camisa de força

Que te devora em chamas. É a

Moda. Teus muitos algozes

Devoram seu corpo na hora do

Almoço e lambem os lábios

Na sobremesa deliciosa de

Tuas mágoas. Tente outra vez

O impossível perdido

Caminho do coração

Talvez a santa serpente

Possa inspirar-te a buscar

Na alma dormente versos

Calientes para uma canção.