Um feto sem afeto.
mulher,
em teu ventre repousa serenamente a fragilidade,
em teu ventre bate um minúsculo coração,
que pulsa em função do teu.
um coração sem direito a um nome,
a um sonho, a correr, brincar,
dançar ciranda.
pois, seus motivos, meus problemas.
tua aflição,minha culpa, "mea culpa"
falo e não me escutas,
grito e não me ouves.
não sinto tuas mãos a me afagar,
deslizando tuas mãos sobre teu ventre.
esquece-te que já sou um menino,
e vê em mim um monstro,
que veio a tua vida destruir.
incapaz e indefeso,
não sei quanto tempo me restará.
um dia, uma semana,talvez um mês.
pois de algum crime hediondo,
pareço ser eu o culpado,
pois pelos meu queridos pais,
à morte estou condenado.