Nem Sempre o Que Sonho é o Que Tenho
Nem sempre o que sonho é o que tenho,
há uma distância entre o querer e o ter,
um vão entre o voo e o passo pequeno,
um silêncio entre o buscar e o saber.
Sonhei com asas, alcancei só o chão,
imaginei mares, vieram os ventos;
cada tropeço me traz a lição,
num rastro de ecos e desalentos.
Nem sempre o que vejo é o que espero,
mas sigo, descalço, a linha do intento,
tecendo esperança no que venero,
nos fios do tempo, no sopro do vento.
Se o que tenho é menos do que quis,
que ao menos reste o sonho guardado;
quem sabe um dia, em manhã de raiz,
não me encontre mais no que foi sonhado.