Nem Sempre o Que Sonho é o Que Tenho

Nem sempre o que sonho é o que tenho,

há uma distância entre o querer e o ter,

um vão entre o voo e o passo pequeno,

um silêncio entre o buscar e o saber.

Sonhei com asas, alcancei só o chão,

imaginei mares, vieram os ventos;

cada tropeço me traz a lição,

num rastro de ecos e desalentos.

Nem sempre o que vejo é o que espero,

mas sigo, descalço, a linha do intento,

tecendo esperança no que venero,

nos fios do tempo, no sopro do vento.

Se o que tenho é menos do que quis,

que ao menos reste o sonho guardado;

quem sabe um dia, em manhã de raiz,

não me encontre mais no que foi sonhado.

Julio Merij
Enviado por Julio Merij em 27/10/2024
Código do texto: T8183414
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