Bolinha de Sabão
Ela ascende livre e leve, ao seu redor tudo refletindo
É possível ver através dela, e mesmo a senhorinha na janela
Aperta os olhos fitando o céu, enquanto ao alto ela vai subindo.
Ela é feliz no seu sonho furta-cor, e conforme a luz vai incidindo
Sua superfície vai traduzindo sua aquarela interior.
Todos da vila se apertam para poder admirá-la,
Ela ecoa a vida e o mundo, e eu percebo mesmo que por um segundo,
a beleza de encontrá-la.
À força da brisa se vai viajando pelo mundo à toa
E de repente ela é cinza como as matas, é amarela como os rios,
é negra como as praias e o pássaro que a sobrevoa.
Quando o menino lhe soprou, foi belo seu nascimento,
mas pasma nesse momento, pressentindo o triste fim.
Um silvo melancólico soa, e ela aguarda uma brisa boa conduzir-lhe para mim.
Nasceu refletindo a vida, mas olha pra tudo agora!
o mundo não parece mundo e eu percebo mesmo que por um segundo,
a beleza indo embora.
No rebuliço do vento, vê chagada sua hora,
levando-a de volta à vila pro povo que a viu partir
E então ela estoura.
Mas não antes de sorrir. Pois sentiu brotar a esperança, a fé e a confiança
no final ao refletir, o meu sorriso de criança.