Ernesto Mariano
Negro Sim!
Era um negro de respeito!
Pena não lembrar direito,
Mas o que lembro guardo no peito,
E daqui, ninguém vai arrancar.
Lembro de quando
Pegava as suas redes bem cedinho,
E saia pra pescar.
Ao voltar
Como numa brincadeira de criança,
Separando os de peixes,
Deixava-me ajudar.
Aí que saudade que sinto,
De vê-lo sentado na sala chamando:
Lózinho, vem o meu cravo catar.
E eu ali todo contente,
Com um sorriso inocente,
O fazia sem reclamar.
Mas, como num dia normal
Pra muita gente,
Uma notícia de repente,
Fez o meu semblante entristecer.
Aos cinco anos de idade,
Tornando dura a minha realidade,
Descobri o significado
Da palavra morrer. (Nunca mais ver)
Mas hoje tenho como combustível
Uma esperança,
E nela deposito toda
Minha confiança,
De que o meu avô muito em breve,
Voltará a VIVER!