AMANHEÇO

AMANHEÇO

Desperto

ouço a passarada tímida e insistente na cidade

a anunciar o dia

o espetáculo que novamente inicia

abre as cortinas do presente

a concretude do tempo

os segundos batendo

o pranto descendo

um que nada alivia.

Nos céus uma nuvem densa encobre o sol

que já vinha

teimoso, coloria o horizonte

entrecortado por prédios

esmigalhado em luzes

ora apagadas, que não mais se via,

ele, que agora se faz cinza

mas não deixa de iluminar a treva

da noite que já se ia.

Amanheço

salpicam-se-me os pensamentos

a mente nada vazia

o corpo ainda dormente

se lança, se inicia,

sua doce e dura jornada

labuta, luta, cura,

mais uma ferida.

Me enterneço

me dou colo

oro, procuro o Altíssimo

vestido nas cores celestes

peço fé, peço amor,

peço perdão, peço pelo meu irmão

peço a solução

peço inspiração

em dias de pandemia,

peço as palavras, o dorso inclinado,

o corpo ajustado

a alma incitada

a dizer

poesia.

@Cristina Lebre

Cristina Lebre
Enviado por Cristina Lebre em 10/09/2020
Código do texto: T7060004
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