O melhor dia na vida de um Oprimido

O melhor dia na vida de um oprimido,

Por anos fora dito,

Que é o dia que ele segura a faca,

O dia de fazer, vira quem o faça.

É o dia que toma o chicote,

Posto o rosto contra o luar,

Segura o pescoço,

Quebra até o osso.

Devaneia sobre seus sentimentos,

Coloca todo o ódio em prática,

Brinda seus acometimentos,

Seca toca lástima.

O melhor dia da vida de um oprimido,

É quanto seu caule cria espinhos,

Se torna o selvagem primitivo,

Jorra sangue aos respingos.

Seu semblante toma coragem,

Os olhos são tocados pelo Sol,

Produz e amaldiçoa no linguajar,

Enche-se até amargurarem.

Causa bolhas nas mãos,

Desferindo contra a carne nua,

Prova dessa vontade crua,

De apunhalar todos os seus irmãos.

Iguais viram desconhecidos,

Amigos viram desaparecidos,

Faz qualquer cadáver de arte,

Mate, mate, mate!

Porém, digo como oprimido,

Quando meus olhos se encontravam na estrada,

Que pedia para ceder em toda oração,

Aprendi com joelhos no chão.

Que o melhor dia do oprimido,

Nunca será quanto se torna o opressor,

Toda aquela interna dor,

Havia desaparecido.

Quando colore todo paraíso pessoal,

Respira sem o gosto da amígdala,

Porventura não se enche de sangue nos pulmões,

Seus enterros viram canções.

Os dedos distinguem frio do inverno,

Da solidão. Faz-se cheio,

De no mínimo,

De si mesmo.

O melhor dia na vida do oprimido,

É quando as coisas dão certo,

Consegue fluir como um córrego,

Sem tomar nenhum comprimido.

É perdoado pelo próprio coração,

Chora em dia sem nuvens,

Se alegra equilibrando no meio fio,

Transborda como humano,

Anda como rio.

O melhor dia na vida do oprimido,

É quando a liberdade lhe beija,

Quando se queixa,

Pensando que estar bem é ter morrido.

Consegue viver, sem achar que morreu,

Sendo as últimas memórias,

Que seu cérebro lhe deu,

Se pegar pensando que realmente aconteceu.

O dia que não desvia olhares dos estranhos,

Fica feliz com os abraços mundanos,

Sente vontade de correr entalada na garganta,

Sem os cheiros das correntes em estanho.

O melhor dia na vida de um oprimido,

Nunca foi engrandecer perante oprimidos,

É a simpatia de fazer amigos,

Vivendo sem vícios.

Seu melhor dia é um dia comum,

Faz qualquer coisa ser conquista,

Atravessa na faixa ou fora dela,

Corre do carro e não o atropela.

Pequenas vitórias perante guerras,

Vezes que ergueu a bandeira,

Que aquele dia se amando,

Fosse logo uma vida inteira.

O melhor dia na vida de um oprimido,

É quando lhe corta o caule,

Da tulipa ensanguentada,

Para a pessoa certa,

Pode ser o melhor buquê de flores.

Que seu ódio escorre entre os olhos,

Sentimentalmente destruído, em construção,

Trata um eu te amo,

Como uma nova reencarnação.

O melhor dia na vida de um oprimido,

É morrer todo santo dia,

Quando se engasgava pelo sangue que escorria,

Hoje, se engasga salvando qualquer outro oprimido,

De diferente covardia.

Seu melhor dia,

Não é fazer novas correntes,

Mas usá-las como balanço,

Num verão quimérico,

Em um anoitecer histérico,

É cumprimentar seu antigo eu,

Como porta chapéus cadavérico.

O melhor dia na vida de um oprimido,

É quando o destino lhe sorri bondoso,

Diferente dos dias de trevas e travessuras,

Que sua própria mente lhe pregavam.

E ele só começa a duvidar de morrer,

Quando primeiramente,

Aprendeu a viver,

Quando o oprimido,

Viu beleza até em dia quente,

Como humano,

Como desgraçado.

Mas principalmente,

Como ser iluminado,

Sol, ou luar.

Corvo Cerúleo
Enviado por Corvo Cerúleo em 04/08/2020
Código do texto: T7025666
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