Mulher africana

De cabeça erguida, ela vai andando,

De manhã com enxada na cabeça,

Ao meio-dia vem carrega de lenha,

quibuto de mandioca, cacana no cesto.

Esta mulher, minha mãe, mãe d´África,

Em seu rosto condensam-se a tristeza e a paz,

Despertando aquele ardor de mulher corajosa,

Mãe de mil-e-uma-saudades, mãe amável.

Se pela aurora subia ao campo, sua lavra,

Onde a mão é o alimento garantido, um pão,

A hora sexta desce ao poço carregada de frieza,

Cantando o seu hino de vitória, seu alento.

Chegado ao poço, ou, por vezes, ao riacho,

Lava suas tristezas, garantindo beleza ao seu dia,

De volta canta com seu bebé no colo,

Aqueles cantos que acalentam a alma abatida.

Seus passos são de força, são angelicais,

E em casa, sem descanso porque a noite cai,

Coze sua xinguanga, sua cacana fonte de vida,

Se ontem jantou a xiguinha, hoje é a xima,

Um pesadelo, mas assim a vida anda,

Porque a força de viver não está só no alimento,

Mas no desejo de vencer os obstáculos da vida.

Manusse Jose
Enviado por Manusse Jose em 08/07/2020
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