Esperança de um copo d’água
A cortina de um olho
aceso
no golpe avesso de meu olhar
esperança de um sonho
mofo
no armário do sótão
poeiras douradas.
Límpido
suave
imberbe franzir aquático
água pura água
mágoa suja mágoa.
Mácula
arrepio interno
esperança no vidro
esperança na fronte
esperança no vórtice da alma.
Uma tela
um quadro
a pintura secular
atitude secular
árdua luta
arguta
penosa procura.
Oboés tremulam a superfície da água
a essência por um fio
por um tremular ausente
por um ser que sente
dormente.
Do copo d’água
fios de luz
caminhos do novo
um rosto se faz
um sorriso se faz
um escárnio se faz
dentes
lábios
palato de conforto
queixo
excesso de gozo
aparato de mãos
sorvedouro constante.
Amanhã.