AINDA É TEMPO... (Um sequestro para o exílio da felicidade)

Eu ando nas ruas

E vejo dos homens, os suplícios

Estampados naqueles frontispícios

São formigas urbanas

Que se apressam, se atropelam,

Se acotovelam, se desesperam,

Se equilibram,

Nas rotações cronológicas

Imposta pela ditadura dos ponteiros

Que mais se assemelham a morteiros

Bombardeando a todos com as atribuições

Ditadas nos protocolos dos seus ofícios

No calabouço dos escritórios dos edifícios

O tempo acinzenta-se para realçar

A ansiedade, a azáfama daquele frêmito

A procura de cumprir as exigências

Das coisas desprovidas de essência

Apenas composta das urgências

Nos passos trôpegos da sobrevivência

De cada dia, de cada ano

Do cruel exercício cotidiano

E assim o dia se esgota

Arregimentando novas legiões

De hodiernos escravos

Presos nos invisíveis grilhões do vazio existencial

Presas das convenções de um mundo tão desigual

E quando penso que tudo

Que restou foi uma hecatombe institucional

Olho de soslaio

Para o lado ainda verde da atmosfera cinza

E percebo nos parques, nas praças

Brincando, as sábias crianças

Distribuindo generosos sorrisos

Lançando laivos de esperança

Então renovo-me nalgum ideal esquecido

Num passado, noutra idade

Que o tempo corrompeu por trás do muro

E o vendeu ao ávido e inescrupuloso futuro

Sob a forma de responsabilidade

E assim, como num impulso súbito

Da felicidade, torno-me seu súdito

E vou num passo quixotesco

Sozinho

Sequestrar estas crianças, ainda imunes

Para levá-las para bem longe

Desses edifícios,

Desses moinhos...

Leonardo do Eirado Silva Gonçalves

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Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 15/11/2019
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