AINDA É TEMPO... (Um sequestro para o exílio da felicidade)
Eu ando nas ruas
E vejo dos homens, os suplícios
Estampados naqueles frontispícios
São formigas urbanas
Que se apressam, se atropelam,
Se acotovelam, se desesperam,
Se equilibram,
Nas rotações cronológicas
Imposta pela ditadura dos ponteiros
Que mais se assemelham a morteiros
Bombardeando a todos com as atribuições
Ditadas nos protocolos dos seus ofícios
No calabouço dos escritórios dos edifícios
O tempo acinzenta-se para realçar
A ansiedade, a azáfama daquele frêmito
A procura de cumprir as exigências
Das coisas desprovidas de essência
Apenas composta das urgências
Nos passos trôpegos da sobrevivência
De cada dia, de cada ano
Do cruel exercício cotidiano
E assim o dia se esgota
Arregimentando novas legiões
De hodiernos escravos
Presos nos invisíveis grilhões do vazio existencial
Presas das convenções de um mundo tão desigual
E quando penso que tudo
Que restou foi uma hecatombe institucional
Olho de soslaio
Para o lado ainda verde da atmosfera cinza
E percebo nos parques, nas praças
Brincando, as sábias crianças
Distribuindo generosos sorrisos
Lançando laivos de esperança
Então renovo-me nalgum ideal esquecido
Num passado, noutra idade
Que o tempo corrompeu por trás do muro
E o vendeu ao ávido e inescrupuloso futuro
Sob a forma de responsabilidade
E assim, como num impulso súbito
Da felicidade, torno-me seu súdito
E vou num passo quixotesco
Sozinho
Sequestrar estas crianças, ainda imunes
Para levá-las para bem longe
Desses edifícios,
Desses moinhos...
Leonardo do Eirado Silva Gonçalves
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