Vazio
Caminhando de cabeça baixa não viu
A folha prestes a cair
E dançar até o chão
Como barco em mar calmo
Também, nada era mais tão importante assim
Apenas os passos
Que o levavam do nada ao lugar nenhum
Sentou no banco, purgando os pensamentos
Não viu o pássaro com o ramo no bico
Decerto iria continuar com a obra da Criação
Multiplicando seus descendentes
Continuou sem se importar
Olhou suas mãos, dedos e marcas
Apontamentos passados, furtos de dignidades
Roubos de sentimentos e palavras
O dia foi passando
Levantou-se e continuou seu descaminho
Flores e árvores eram só borrões e sombras, escuras
Não viu a moça que, com pensamento secreto, o desejou
Não desejou estar ali desse jeito
Sua barba e cabelo refletiam seu estado
De desânimo que não passava
Buscava a rima e não queria prosa
Procurava desvelar suas idéias para o vazio
De repente, sentiu uma mão quente
Pairar sobre seus ombros
Não era ninguém, apenas o tempo avisando
Olhe para frente, flores nascem nos lugares mais difíceis e vencem!