CAI A NOITE
Entre preâmbulos notificados,
Na ânsia voluptica da tua procura,
Meus sonhos exauridos
Não mais me norteiam
No caminho prateado.
Que singelo brilho arrebata-me,
Dessa negritude estrada enfocada.
Debato-me em sofreguidão,
Entre permeios olhares,
Que solavancam minha estabilidade.
Mesmo assim refrigero-me
Dessa vontade inóspita.
Desse sonho transloucado,
Que bate em meu peito,
Numa insistência dilacerada.
Que me devotam os anjos,
Esse divino sentimento.
Que faço uso dele,
E me que fere como um punhal.
Louco, louco, louco...
Quantos brados alucinantes,
Lançarei no âmago do meu ser.
Quantas vozes disformes,
Chegarão aos meus ouvidos,
Como esperançosos seres,
Que almejam reconhecimento.
Que mendigam migalhas,
No desejo de um olhar para si.
Cai a noite...
Levantam-se os desejos,
Sobressaiam-se os sonhos,
Elevam-se os olhares,
E transmutam-se os sentimentos.
Cai a noite...
Di Camargo, 11/08/2007