Rio da Vida

Feito a areia do deserto, que se move a cada dia, mudei-me de forma, uma forma ainda incógnita e inexplorada. Você fez isso, transformou-me.

Quando olhei em seus olhos, encontrei você, não estavam ausentes. Mas tão ligeiramente, esvaeceram, e me deparei na penumbra das lembranças que restaram daquele olhar fugaz e intenso.

Um tempo vivido...

Invisível aos olhos alheios. Ninguém me via. Caminhava sorrateiramente, sentindo o frescor da brisa da noite, misturada com o silencio gritante do escuro.

“Não havia ninguém...”

Eu pensava que tivesse controle sobre a minha vida, sobre o que existia nela, e sobre o que eu ponderava ser essencial. Me surpreendi. Não é possível controlar o curso de um rio tão colossal e forte, não é presumível vencer nadando contra a correnteza da vida. Escolhi não nadar, escolhi flutuar sobre as aguas, permitindo ser movida pela vida, deixando-a surpreender-me.

Afinal, o mistério de viver reside em permitir-se.

Permita-se...

Fabiola Teleken
Enviado por Fabiola Teleken em 16/04/2017
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