PLANTA VIÇOSA

Entre ocultos desejos

Teimou a plantinha nascer,

Paixão secreta, incontida,

Retalhos de um bem-querer

De futuro incerto, prevejo!

Mas, difícil de se conter.

Germinou em hora errada.

Nasceu na beira da estrada,

Sem cultivo, sem plantio

Resistindo em dura lida

À seca, poeira e ao estio.

A razão do meu lamento

Não é por falta de viço.

Planta de profunda raiz

Caule verde, rama ao vento.

Fruto tenro e boa matiz.

É que virou desatino

Esse amor tão poderoso

E o fruto tão desejado

Tornou-se engorovinhado,

Como capim amargoso.

Vivendo a vida afastados

Sublimamos os instintos.

Qual guerreiros desarmados,

Nos amamos em devaneios,

Mas continuamos famintos.

Vivemos o dom dos amantes

De manter viva a esperança

De que a vida traga instantes,

E que o fruto amadureça.

Nisso, guardo os sonhos meus.

Pois, planta que nasce assim,

Pode ser lavoura de anjos,

Semeada por querubim,

Para a colheita de Deus!

JOSÉ CALIXTO
Enviado por JOSÉ CALIXTO em 01/03/2017
Reeditado em 02/03/2017
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