Elegia a uma Deusa viva
Para Marivaldo Neves
Ela nunca nascera de fato.
Seu existir varava o pano do tempo
Sempre que a trucidavam
Algo emanado do coração dos seus filhos a ressuscitava.
Era uma senhora majestosa e bela
A ponderar sobre o volúvel querer dos seus filhos
Seus sacerdotes e guardiões lhe discutiam a natureza
E preservavam suas virtudes.
Ela aparecera na Grécia numa era
Encoberta pelas noites do tempo
Conduziu povos a belos sonhos
E sangrou nas batalhas dos homens.
Numa futura terra quente e distante ao sul,
Lar de uma casta de ódio e cobiça,
Fazia por breves tempos, morada
O mal, contudo, sempre assomava.
Os sacerdotes dessa terra se corrompiam
Engendravam falsos heróis
E maculavam de ódio
O colorido coração dos seus filhos.
Mas havia uma estirpe de seres
De coração inquebrantável e alma de esperança
Impermeáveis ao ódio e ao temor
Eles sabiam na alma, a verdade.
No âmago, tinham todos indestrutível certeza
De que agora e no porvir, ainda que todo o mal assome,
Será sempre Ela, A DEMOCRACIA,
É a única heroína, digna desse nome...