Bilhete premiado
É muito perigoso ter esperança,
Vai que uma hora, ela acontece;
Era somente um sonho criança,
Que anela pegar, e, não alcança,
um crente fiel fazendo sua prece...
E estar a dois passos de ser feliz,
Já permite pré-saborear o bolo;
sabor rejeitado que, ora, se quis
a lousa apagada para o novo giz,
cuja primeiro risco, será, consolo...
Venha pois, essa nova fase da lua,
de sangue, suor, lágrimas, e brasa;
Estranho estranhar a que vem nua,
toda a minha alma sempre foi sua,
ora, corpos, afazeres, prazeres, casa...
Eis um medo porque muito se gosta,
gosta de lembrar, ele jamais esquece;
há o frisson ante a premiada aposta,
não que a esperança seja uma bosta,
bosta só é, quando ela não acontece...