O MEU ESPELHO
Vejo-me ao espelho e que vejo eu?
Alguém que envelheceu de repente,
Que a juventude entretanto perdeu,
E passou a ser um ser dependente.
Dependente de si próprio, vivendo
O dia a dia, com a possível alegria,
Que Deus como dádiva lhe confia,
Numa vida que vai esmorecendo.
O meu espelho é secreto, é só meu,
Nele me vejo todos os dias, espero
Sempre ver mais uma ruga, tolero
O que me transforma num museu.
Museu de marcas que se gravaram
No meu rosto da minha vida sofrida,
De todo o tempo em que passaram,
Os melhores momentos desta vida.
Receio meu que o espelho quebre,
E que da toca se solte a presa lebre,
Expondo-se a algum tiro disparado
Por algum inimigo mal intencionado.
Ruy Serrano - 24.06.2015