A GAIVOTA

A GAIVOTA

Eu pus um sonho a voar

Nas asas duma gaivota...

Um sonho de liberdade

De paz, amor e carinho;

Num impulso sobre o mar

Ela tomou sua rota

Cheia de força e vontade

De vencer todo o caminho.

Esperei dias, esperei noites

Pelos ventos de mudança...

Mas chegou-me um vento frio

Gélido todos os dias;

Ondas do mar em açoites

Rodopiam numa dança

Batendo no cais vazio

Em alvoradas sombrias.

Talvez a minha gaivota

Tivesse perdido o rumo...

Quem sabe se o sonho voa

Pelas terras de ninguém...

Ou ao lembrar-me em risota

Tenha perdido o aprumo,

Não achando ideia boa

Levar um sonho de alguém.

Talvez tenha sucumbido

Caindo nalguma vaga,

Sem cumprir essa missão

Que eu com afecto pedira;

Talvez não vendo o sentido

Ou achando não ser maga

Largasse o sonho-ilusão

Como mais uma mentira.

Vou ao cais de vez em quando

Como quem inda acredita,

Mas perdendo quase a esperança

De alguma coisa mudar...

De gaivotas vejo um bando,

Vou escolher a mais bonita!

A ver se leva e não cansa,

Este meu sonho a voar.

Joaquim Sustelo

(em OS MEUS CAMINHOS)

Joaquim Sustelo
Enviado por Joaquim Sustelo em 11/06/2007
Código do texto: T522871