A GAIVOTA
A GAIVOTA
Eu pus um sonho a voar
Nas asas duma gaivota...
Um sonho de liberdade
De paz, amor e carinho;
Num impulso sobre o mar
Ela tomou sua rota
Cheia de força e vontade
De vencer todo o caminho.
Esperei dias, esperei noites
Pelos ventos de mudança...
Mas chegou-me um vento frio
Gélido todos os dias;
Ondas do mar em açoites
Rodopiam numa dança
Batendo no cais vazio
Em alvoradas sombrias.
Talvez a minha gaivota
Tivesse perdido o rumo...
Quem sabe se o sonho voa
Pelas terras de ninguém...
Ou ao lembrar-me em risota
Tenha perdido o aprumo,
Não achando ideia boa
Levar um sonho de alguém.
Talvez tenha sucumbido
Caindo nalguma vaga,
Sem cumprir essa missão
Que eu com afecto pedira;
Talvez não vendo o sentido
Ou achando não ser maga
Largasse o sonho-ilusão
Como mais uma mentira.
Vou ao cais de vez em quando
Como quem inda acredita,
Mas perdendo quase a esperança
De alguma coisa mudar...
De gaivotas vejo um bando,
Vou escolher a mais bonita!
A ver se leva e não cansa,
Este meu sonho a voar.
Joaquim Sustelo
(em OS MEUS CAMINHOS)