Até qualquer Abril
Até qualquer Abril
================ErdoBastos
Olhando pra baixo, sentiu um arrepio...
Antevendo a queda, inexorável destino,
Aproveitou o alto, o quanto pode, e depois caiu...
Rolando mundo abaixo, no medo que sentiu
Ainda no ar, por um segundo, mergulhando no vazio,
Olhou pra vida, pras outras iguais, e depois caiu...
A rosa em que estava, sequer balançou ao livrar-se dela
Que sem despedida desprendeu-se da flor mais bela
Mergulhou no ar pra misturar-se a terra, e depois sumiu...
O sol, poderoso e inclemente, vendo-a cair, sorriu...
Por saber dela o que ela mesma nunca saberá
Que depois da queda, de molhar a terra, outras rosas verá
Que vai subir aos céus, num gasoso vôo que a redimirá
E virando nuvem, a gota de orvalho que da rosa caiu
Há de voltar chuva, em qualquer outono, em qualquer Abril