SOU POETA SOU DA POESIA
Sou poeta, sou da poesia,
Minha triste melancolia,
Quando não escrevo poemas,
Falando das minhas penas.
Dias tenho que emigro
Para um outro paraíso,
Fico sem acção, paro,
Estado este muito raro.
É então quando reflito
No que é este mundo,
Em que ouço o grito
Dum triste sub-mundo.
Sub-mundo onde desci,
Por o mundo me expulsar,
Não me deu o que mereci,
Só pensou em me explorar.
Sou poeta, sou da poesia,
Só ela me compreende,
Gosto dela em demasia,
Sou dela escravo e crente.
Uma forte linha me separa,
Deste mundo tão violento,
Em que impera a ambição,
E tão cruel descriminação.
Não quero passar para lá,
Dessa linha, é perigoso,
Prefiro ficar agora por cá,
Até que seja oportuno.
São dois milhões e meio
Os que estão comigo,
Sobrevivemos doridos,
Injustiça esta sem freio.
A libertação um dia chegará,
Quando mudarem os ventos,
Já faltou muito mais tempo
A merecida justiça se fará.
Ruy Serrano - 03.02.2015