POR QUEM ESPERO
Sinto a falta da presença física de quem partiu,
Mas vejo pelos olhos da lembrança que ele ficou.
Não sinto o toque na pele,
Porém, minha alma é tocada por ele.
Cedi a vontade do amor,
Numa comunhão com meus desejos.
Revolvi antigos mistérios,
Que só o amor pode,
Numa mistura de crescer e me podar.
Cultiva-lo em meu coração,
Deu-me tempo de luz.
Mas agora me dá espaços de sombras,
Que o horizonte um dia, irá consumi-los.
No frescor das manhãs,
A sensibilidade me é favorável.
Da noite, ainda há resquícios da ausência.
Porém o dia me dá motivos,
Para acreditar que serão findos,
Esse tempo de espera.
Hoje, sou um lago que repousa.
Mas amanha, um dia, ao amanhecer,
Estarei caminhando em leito de um rio,
Que me levará direto ao grande oceano,
Que dará fim a minha espera.
E o grande encontro inevitável,
Tornar-se-á a recompensa.
E o véu que hoje me cobre,
Aqui ficará apenas como lembrança.
Como símbolo da minha esperança.
Não me sinto solidária à outros lagos,
Nem recebo afluentes que me renovem.
Essa natureza que me reveste,
À mim, ela já é suficiente.
São tempos de espera, de pensamentos.
De amor saudoso, de lagrimas quentes.
Onde estaciona o cessar dos movimentos,
Onde demonstro um amor ausente.
E. Di Camargo, 03/02/07