O RELÓGIO
Há um relógio no teto
Que conta as horas devagar,
Eu acompanho cada segundo
Nos meus dias insondáveis
De baixo de minhas cobertas frias.
Não quero levantar.
Não enquanto não chegares
Soluçando bons dias,
Abrindo as cortinas
Deixando a luz entrar
E sabe de um segredo
Eu mantenho o relógio
Intocado daquele jeito
Por tua memória
Para quando chegar
a hora de partir
eu não me atrase
e te veja ir sem mim.
Eu não vou levantar
Até o apito soar novamente,
Ou os sinos badalarem
Os pássaros cantarem
Os silêncios gritarem.
As horas pararem.