O Retrato
E, agora, olho, então, o seu retrato.
Pendurado na parede do meu quarto.
Frente a frente, os meus olhos nos seus.
Lá na sala, as paredes muito brancas.
As cortinas, numa brisa, voam mansas.
São lembranças, testemunhas do adeus.
Na lareira queimam brasas, em silêncio.
Não se importam com meu peito em incêndio.
A gritar, sentindo falta desse amor.
O sofá, acomodando as almofadas.
Que com tempo estão ficando desbotadas.
Sempre mudas, assistindo a minha dor.
Num impulso, tiro o quadro da parede.
Lanço ao fogo, que o recebe em sua sede.
Com a garra toda da destruição.
Ouço o vidro que na queda se estraçalha.
Logo as chamas queimam a foto como palha.
Destruindo esse amor de maldição.
Olho o fogo que agora é chama mansa.
Devolvendo ao meu peito a esperança.
Que a chuva do meu pranto faz nascer.
Logo brota um novo amor, uma quimera.
Como flores de uma nova primavera.
Rasgando a noite, num doce amanhecer.
Estrela Radiante
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