ANÁTEMA
 
Como uma maldição senti a dor fria
de uma agulha que entrava pela alma
e no entorpecimento que me movia
tentava imaginar que tudo era apenas
um pesadelo e que logo acordaria...
 
Como uma maldição também senti
o alívio de prever um fim diferente;
não da vida, mas de uma doença em que vi
 grilhões corroerem corpo e alma
e matar esperanças que um dia nutri...
 
Tudo passa enfim... E que bom expulsar a dor;
E nessa excomunhão boa sentir a esperança
renascer como verde esmeraldino e calor
em manhãs de verão... de sol ou chuva;
de promessas e... junto um novo fervor.
 
Mas ainda sou parte daquela dor... que fazer?
Ela tentou me matar, mas também me evoluir...
Essas memórias amarguram, mas me faz crescer
como searas depois de longas chuvas...
ou depois de tempestades me faz reviver...
 
 
Aqui o anátema não me exilou da vida,
nem de ordem desumana foi seus fins...
Ainda que, dessa luta insana, eu perdida
possa chorar mais lágrimas um dia, agora sei,
que ela estimula e tonifica minha fé esvaecida.

 
 
( Poema escrito em alusão aos momentos que passei desde o dia 20 de dezembro quando meu esposo quase morreu em razão da bebida. Agora está quase bom. Renasceu... Espero que ele possa dar valor a essa graça que recebeu. Depois de longos dias, volto... Nada ainda é como antes. Fiz esse poema hoje, que na verdade parece desvestido de poesia. Mas é o que sinto no momento. Também espero que logo eu possa ser a poetisa que sempre fui. Volto saudosa de todos vocês e aos poucos vou retomando as visitas)


(IMAGEM GOOGLE)