Zênite
Quem me julgará por buscar algum conforto
Do caos diário ao ser humano imposto
Labuta no sol a pino ferindo o rosto
Cansaço no zênite do meio-dia?
Quem me levantará o ânimo morto
Se afastado da poesia a contragosto
Se o próprio vinho surge de seu mosto
Não poderia aproveitar-me de minha abadia?
Não vejo razão para qualquer contradita
Embora adepto do expressar-se livremente
Nada alteraria a necessidade premente
De modo a livrar-me da melancolia
Aninhar-me em uma alcova menos aflita
Rimando o amor com amizade patente
Ao buscar prazer com bela confidente
E refugiar-me de volta em minha poesia.