Transitório
Por enquanto, outros bebem suas frases de amor,
E bebendo saciam, a sede, de me espiar assim;
Isso é circunstancial e passageiro, entretanto,
Não podemos confundir o meio, com seu fim,
um arranjo que permite respirar, por enquanto...
Por enquanto, excito sua pele ainda à distância,
E te cubro de beijos, somente em esperança;
Te abrigo em meus versos sonhando ser o manto,
O peito macio onde o peso do labor ela descansa,
Pois a sede não está domesticada, por enquanto...
Por enquanto nem mesmo eco responde minha voz,
E só teu desconforto mostra que queres meu braço;
Entorto o idioma versando amor nesse esperanto,
Maldigo o caminho quando não cruza nossos passos,
Só ensaio, amassos, ternura, deleite, por enquanto...
Por enquanto você me espreita de longe pela janela,
E só fala sobre mim para quem comigo nada fala;
Mas, a muito ferve o caldeirão onde faço meu encanto,
Uma hora teu querer desperta como dedo que estala,
E cala esse louco anseio que incomoda, por enquanto...