O pão nosso de cada dia
O pão nosso de cada dia
Eu só queria saber como é que rima
Colocar os pontos dos is em cima
Os tils nos ãos
Sem precisar de muitos pontos de interrogação
Um dia desses ainda aprendo a rimar
Mas, antes disso já me atiro a me arriscar
Pois na teia da folia das palavras não vou mais me embaraçar
Terei versos pra fazer asno pensar, ateu acreditar
Carrancudo sorrir, bandido arrepender, inimigo perdoar
Misturarei o estiver ao meu alcance, realidade e fantasia
Rimarei sem pudor como quem faz amor na rua ao meio-dia
Rimar também é expor o que no fundo habitou sem o verniz da hipocrisia
Seguirei rimando e remando meu barco cheio de palavras
No mar agitado dos meus pensamentos sem travas
Se eu sentir tristeza, venha-me um verso de alegria
Sentindo raiva, salte-me um verso em calmaria
Visitando-me o medo, bata-me à porta um verso de valentia
Se por ventura invadir-me o amor, que seja o pão nosso de cada dia!