O amanhã que planejo

Livro-me de inoportunos desejos,

Como quem “varre” lixo eletrônico;

De apelos que ora ouço outras vejo,

Como se tivesse um braço mecânico;

Mas segue a sina, do rato e o queijo,

Sua dura ausência, aumenta o pânico;

O trabalho convida aproveita ensejo,

Dever e dignidade são como tônico;

Solidão resiste à ordem de despejo,

o lugar feito para dois, ainda é único;

O destino zomba com o seu motejo,

Esperança brava resiste àquele cínico ;

Ela ainda oscila entre anseio e pejo,

E segue vencendo, seu lado tímido;

Visível fulge no olhar, querer o beijo,

Pois, já não oculta o disfarce ríspido;

O diabo é que o amanhã que planejo,

Nos põe amigos, amantes, íntimos;

Diga que não é utópico o que almejo,

Mas faça, vindo, de um modo mágico...