Devagarzinho

A distância é uma canção de espera.

Queria que o tempo ficasse

não se bastasse a si e a era

Também não queria ficar distante

Chorar calada e devagarzinho

Para entender tudo o que a dor não pondera

O que passou ainda vaga sozinho

é tudo o que o coração salvou

A alma logrou de um ego sem ninho

a noite gélida que caduca minha esperança

Vou orar com a fé emprestada dos lutos

Pois o grito de socorro não virá de um vizinho

O instante parte do que ainda vai nascer

Mesmo que a morte seja sincera

pranteando a espera, soluçar ainda é viver

Peço ao infinito uma ínfima jornada

para caminhar só, e devagarzinho

É que hoje aprendi que esperar também é morrer.

Nadilce Beatriz
Enviado por Nadilce Beatriz em 06/12/2011
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