Devagarzinho
A distância é uma canção de espera.
Queria que o tempo ficasse
não se bastasse a si e a era
Também não queria ficar distante
Chorar calada e devagarzinho
Para entender tudo o que a dor não pondera
O que passou ainda vaga sozinho
é tudo o que o coração salvou
A alma logrou de um ego sem ninho
a noite gélida que caduca minha esperança
Vou orar com a fé emprestada dos lutos
Pois o grito de socorro não virá de um vizinho
O instante parte do que ainda vai nascer
Mesmo que a morte seja sincera
pranteando a espera, soluçar ainda é viver
Peço ao infinito uma ínfima jornada
para caminhar só, e devagarzinho
É que hoje aprendi que esperar também é morrer.